Teste de Guerrilha: como e quando vale a pena usá-lo?

Marco Moreira
4 min readNov 27, 2018

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Teste, teste, teste… independente do cenário perfeito, quantas vezes for necessário.

Faça o seu melhor, na condição que você tem, enquanto não tem condições melhores para fazer melhor ainda!

É com esta frase de Mário Sergio Cortella que inicio uma reflexão sobre a utilização de Testes de Guerrilha em nossa área de UX e Tecnologia.

Sabemos que, no dia a dia, nem sempre temos as condições ideais para investir em testes formais com usuários. Seja por falta de tempo ou de recursos financeiros.

Mas será que vale a pena esperar o cenário perfeito? Vivemos em um mundo dinâmico que exige respostas rápidas. Por isso, acredito que uma coisa é certa: realizar testes com usuários é fundamental. Independente do cenário, é preciso testar, testar e testar… infinitamente, se for necessário!

E aqui o teste de guerrilha cai como uma luva. É uma ferramenta de apoio para validar ideias de forma rápida, econômica e eficiente. Sua maior vantagem é exatamente esta: fazer o melhor com o que temos em mãos no momento.

Na prática, se o teste de usabilidade formal for considerado custoso pelo cliente e exigir maior infraestrutura, o teste de guerrilha é uma alternativa para validar ideias, conceitos e soluções com agilidade e baixo custo. É quase free e express — e pode ser uma boa opção em diversos projetos.

O que é um teste de guerrilha?

O método consiste na aplicação de um teste informal com usuários em um ambiente externo, não-controlado, sem o recrutamento prévio de pessoas.

O teste de guerrilha traz maior agilidade para testar produtos e soluções, validar novas telas e fluxos de navegação, além de coletar insumos para melhorias na interface. Sua aplicação é muito interessante para produtos mobile.

Teste de Guerrilha sendo aplicado com um consumidor em um Shopping

Em apenas um dia, é possível obter uma amostragem suficiente para validar ideias e identificar problemas de conceito ou navegação. Além disso, como já comentei, o custo é praticamente zero, resumindo-se ao deslocamento e alimentação dos profissionais envolvidos.

Mas veja bem…

A aplicação do teste de guerrilha não substitui — de forma alguma — a realização de um teste tradicional com usuários. O recrutamento informal de pessoas na rua é indicado para testes rápidos e pontuais. Não deve ser uma prática recorrente, nem mesmo a única a ser adotada.

Essa ferramenta permite a validação de ideias de forma ágil, mas não deve ser aplicada em qualquer cenário. O ideal é mesclar com o modelo de testes formal, ok? Ambos têm propostas diferentes e são ferramentas que se complementam.

>> Se você precisa testar ideias e soluções com um público bem delimitado, esqueça o teste de guerrilha. Trace um perfil de usuários, faça filtros e recrute as pessoas certas.

Vem pra rua! Mas antes, leia algumas orientações básicas:

  • Navegue bastante no protótipo e corrija todos os erros de navegação.
  • Tenha um objetivo bem definido para realização do teste.
  • Prepare um roteiro de navegação para os usuários, considerando o tempo de duração das tarefas.
  • É sempre bom estar em dupla: enquanto um conduz o teste e observa a navegação, o outro aproveita para registrar comentários, comportamentos e anotações.
  • Imprima um script para não esquecer de nenhuma pergunta ou tarefa.
  • Separe o carregador do celular e/ou bateria reserva.
  • Leve balinhas para manter o hálito sempre agradável =)

Dicas para conduzir o teste com usuários

  • Explique o contexto do aplicativo para o usuário;
  • Forneça orientações claras sobre a realização de tarefas e objetivos;
  • Oriente o usuário a pensar em voz alta;
  • Incentive o usuário a fazer críticas e sugestões;
  • Não interrompa o usuário quando ele estiver falando;
  • Evite perguntas que possam induzir as respostas. Por exemplo: você acha a função desse filtro legal?;
  • Responda às dúvidas de navegação com outras perguntas. Por exemplo: se o usuário perguntar “o que acontece se eu clicar ali?”, a resposta deve ser “o que você imagina que pode acontecer ao clicar ali?”.

Ah! Eu sei que abordar pessoas desconhecidas na rua, ou ser abordado dessa maneira, não é uma situação muito confortável. Por isso, vou deixar algumas dicas que me ajudam no dia a dia:

Observe e considere na sua abordagem:

  • Aproxime-se de pessoas que estejam ociosas olhando o celular, tranquilas, relaxando após um café e/ou fumando.
  • Evite abordar pessoas que estão conversando, fazendo uma refeição, andando, lendo ou que estejam ocupadas com qualquer outra atividade.
  • Não pergunte se as pessoas têm um minuto para falar com você.
  • As pessoas têm uma certa resistência em participar de pesquisas.
  • Evite toques físicos e abordagens em grupo. Isso provoca intimidação e afasta as pessoas.
  • Esteja bem arrumado e com o hálito saudável.

Por último e não menos importante, um checklist para aplicação do teste:

  • Certifique-se de estar com a bateria do seu celular carregada.
  • Leve uma bateria reserva e cabo para carregar.
  • Coloque o celular em modo avião.
  • Desligue todas as notificações na hora do teste, principalmente de WhatsApp.
  • Teste seu aplicativo de gravação de tela/voz previamente.

Seguindo essas dicas, será mais fácil captar pessoas para realização de testes. Mas esteja preparado para ouvir respostas negativas. "Não” é algo que faz parte do dia a dia de quem trabalha com pesquisas de rua. O segredo é ter empatia: ao se colocar no lugar as pessoas, fica mais simples perceber o momento certo de fazer a sua abordagem.

E você, já fez algum teste de guerrilha? Compartilhe sua experiência! :)

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